11 de mar. de 2012

cair


num buraco profundo,
sem fundo, nem chão pra pisar,
longe de qualquer lugar,
querendo calor, calma,
perdendo a cor, a alma,
quase nada.

nada enxergo no escuro,
cego-surdo-mudo,
não sei nem me mexer,
não sei, não consigo,
espero chamarem meu nome,
espero ainda estar vivo.

nesse buraco sem fim,
tudo voa, eu não,
nada diz meu coração,
já tão longe de mim.

8 de mar. de 2012

noite escura



do início até aqui
só pude contar comigo mesmo
sempre e sempre desse jeito
e sei que será até o fim

meu melhor amigo sou eu
frio como a noite
compreensivo açoite
tolerante breu

minha vida, meu peito,
face oculta, céu negro.

6 de mar. de 2012

espinhos



no escuro do meu quarto surgiu
uma planta carnívora, viva
alimentada pela ira,
pelos pensamentos ruins,
pela angústia que transborda de mim,

surgiu ali, sem luz,
sem qualquer incentivo,
pra abater qualquer ser vivo,
perto da intimidade do meu quarto.
uma planta que mata, me mato,

entre seus espinhos, caninos,
sem piedade, remorso, espírito,
me protege, me fere,
esconde a verdade,
a vergonha de sentir vontade.

3 de mar. de 2012

pele e ossos


meu corpo respira,
vai em frente, oco
mas, tolo, precisa
de outro corpo.

incompleto, inconstante,
invariavelmente
um péssimo amante
morto que mente

quer sempre demais
sou só pele e ossos
deseja carne e sangue
desejo apenas sorte