30 de abr. de 2011

Guerras

Morreu Aquiles. O da mitologia com uma flechada no calcanhar. O da vida real com seis tiros, sob a noite e a chuva fria. O de Homero virou herói, virou filme. O do século XXI ganhou nem linha no jornal, virou só um número na estatística que impressiona. O da ficção venceu Tróia, vive nas histórias até hoje. O de carne e osso nem chegou aos dezoito anos, sem sossego, descanso só sobre o chão pesado. Viveu Aquiles. A guerra grega. A guerra brasileira.

Em memória de Aquiles Soares, assassinado na noite de 26/04/2011.

24 de abr. de 2011

facilidade

É tão mais fácil apoiar quem está bem. Até por que pra ajudar alguém que está por baixo, você tem que se abaixar também. É muito mais difícil - e digno- apoiar quem está mal. Mas, e daí? Quem está mal se afasta de todos, e todos se afastam de quem está mal. Um círculo. Quem vai querer compartilhar as tristezas de uma pessoa em depressão? Existem remédios, existem médicos. É muito fácil: não compreender, medicar e pegar de volta bonzinho. Fácil demais. Lidar com a angústia, a tristeza, as lembranças, as inconformações, isso sim é difícil, mas quem tem isso que se vire, que pague por ajuda, não é obrigação de ninguém gastar sua atenção e sua paciência com uma pessoa infeliz, "quando ele melhorar a gente toma uma cervejinha juntos".

21 de abr. de 2011

estradar

nessa estrada em que estou,
só paira poeira no rosto.
do asfalto, o som e o fogo.

dessa estrada que eu sou,
não se leva mais que poeira,
nada vai além da incerteza,

do ontem que é hoje,
que somos.

17 de abr. de 2011

quatro

tão tão tarde
são só horas
sem demora
tempestade

além vista
na cabeça
devaneia
indecisa

trovoada
vento forte
não há sorte
quando passa?

não passa não
infinita
me limita
o coração

12 de abr. de 2011

Metade

centésimo post :D
à quem representa tanto e, hoje, talvez ainda se lembre de mim.

magrinha
minha pe
quenininha

mole no calor
do meu braço
abraço

me furta
abusa
cheiro de uva

mão pele
boca leve
adere

magrinha
pedaço d'alma minha
quase nada

e tudo
enjoada
me iludo

me mata

9 de abr. de 2011

perspectiva

uma nova visão
que mandasse embora
isso que é
só solidão
acumulada

é o que eu
mais queria
um novo plano limpo
pra olhar e avistar
alegria

e largar essa saudade
que sem mais, invade
me faz homem de sentimento
coisa mais sem cabimento
é mesmo hora de mudar
o rumo, lugar, o ser, ah! será.

6 de abr. de 2011

ode à cerveja

oh! líquido dourado
de formosa cevada
e lúpulo apurado

lhe chamam cerveja
mas, eu chamaria
elixír, néctar, pois
das bebidas, com certeza

és a clara representação
do sabor adorável
do aroma agradável
do prazer inigualável.
és, cerveja, a perfeição.