virei as costas fui embora não senti suas mãos nem sua voz me pedindo pra ficar nenhuma ligação sua, dizendo só pra eu voltar nada nem um pedidozinho nada caminhar sozinho que nada
doeu, mas curou se não me procurou não sentiu minha falta se não te dói a alma eu tava mais que certo quando saí de perto
Aquele
consolo de “ah! Não fica assim, isso passa” não serve. Saber que tudo vai
passar é que realmente dói. A vontade é de manter todas as feridas abertas, à
vista, bem visíveis, pra poder sempre jogar na cara de quem as fez. Sempre
despertar automaticamente o remorso, o peso na consciência. Ouvir um “poxa,
desculpa” a cada encontro, e sair mais leve. Elevado.
Nos primeiros raios da manhã Eu caminho beira-rio Na esperança que o espelho d'água Traga ocê de volta Por aqui tudo sente sua falta
Dia desses eu te vi na curva do rio Te ouvi na sinfonia Que escancara as portas do dia Brincou no céu, voou No bater de asas fogo-pagô
É um bater de asas essa vida É um sopro É caminho de ida Um rio que segue sempre adiante Eu sigo seu cheiro pelos campos Feito gado seguindo o berrante
Não tem jeito De tudo eu tenho feito A saudade é um arco-íris Que brota nos seus olhos E deságua no meu peito